52 milhões de toneladas são despejadas todos os anos

52 milhões de toneladas de plástico. Este é o cálculo da enorme quantidade de resíduos que é gerada todos os anos. É mais do dobro do que se estimava até agora e, se fossem arranjados, permitiriam dar a volta ao mundo 1.500 vezes, segundo um estudo publicado na prestigiada revista científica Natureza.

A recolha de resíduos deve ser um direito básico

O estudo liderado pelo Universidade de Leeds usa inteligência artificial para mapear a gestão de resíduos em cerca de 50.000 cidades em todo o mundo e estimar quantos resíduos são gerados. Estima-se que, ao todo, sejam produzidas 52,1 milhões de toneladas de plástico, com variação entre 48,3 e 56,3.

De todos estes, mais de dois terços eles vêm de lixo não coletado. Este facto é particularmente grave nos países do Sul Global. Na verdade, quase 1,2 mil milhões de pessoas – 15% da população mundial – não dispõem deste serviço. É por esse fato que a equipe de pesquisadores formada por Joshua W. Cottom, Ed Cook e Costas A. Velis aposta que a coleta de lixo é considere uma necessidade básica.

Os autores conceberam um inventário global da poluição por macroplásticos – que exclui, portanto, os graves impactos ligados aos microplásticos – e inclui todos os resíduos que foram despejados no ambiente sem controlo. Do total de 52 milhões de toneladas, 43% chegam na forma sólida enquanto 57% acabam queimados.

Segundo os cálculos estimados para 2020, os países mais poluídos são a Índia (9,3 milhões), a Nigéria (3,5) e a Indonésia (3,4). A melhoria do Chinaque passou do primeiro para o quarto lugar (2,8 milhões), enquanto o Reino Unido é o pior país europeu (4.000 toneladas) na 135ª posição.

Rumo a um Tratado Global sobre Plásticos

O estudo publicado em Natureza chega na reta final das negociações Tratado Global de Plásticosque deverá ser acordado no final do ano – a quinta e última ronda de negociações terá lugar na Coreia do Sul, em Novembro. “A pesquisa deixa claro que não podemos propor uma solução para todo o planeta baseada apenas na gestão de resíduospois continua sendo um assunto pendente”, ressalta Ethel Eljarratdiretor do Instituto de Diagnóstico Ambiental e Estudos da Água do CSIC, em declarações recolhidas pelo Science Media Centre.

Nesse sentido, ele destaca que a principal medida deve ser a redução da produção de plástico e colocar um limite no planeta como um todo. A partir deste ponto – estima-se actualmente que atinja 450 milhões de toneladas anuais-, será quando fará sentido melhorar os sistemas de gestão. Na verdade, o mesmo a indústria sabe há décadas que a reciclagem não resolverá o problema indefinidamente o problema dos resíduos. “Não haverá melhorias se a geração continuar a crescer exponencialmente”, conclui Eljarrat.

Nesta mesma linha é expresso Carmem Morales Casellesprofessor da Universidade de Cádiz. Ele acredita que são necessárias medidas para reduzir a geração de produtos não essenciais, mas também uma simplificação química do plástico, com designs mais seguros e sustentáveis. Nesse sentido, um dos elementos críticos é agregar compostos químicos que ocasionalmente pode atingir 50% do peso do produto. Destas, pelo menos 60 foram caracterizadas como substâncias de alto risco à saúde.

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