O aquecimento global é causado pelo aumento da concentração de gases de efeito estufa. Além do CO2que continua a bater recordes históricos, outras substâncias também contribuem, comoóxido nitroso ou o metano (CH4). Este último caso – considerado responsável por 26% do aumento da temperatura – acaba de protagonizar um descoberta científica revolucionária. As árvores são coletoras de redes. Uma investigação internacional com participação catalã confirmou-o: “Fomos os primeiros a ficar surpreendidos”, admite. José Barbacientista do CREAF.
De emissores a receptores de rede
Ao contrário do CO2, ainda há um longo caminho a percorrer para quantificar os balanços e mecanismos que regulam os restantes gases com efeito de estufa. Um bom exemplo disso é a mudança de paradigma provocada pela pesquisa sobre metano e ecossistemas florestais publicada em Naturezauma das revistas científicas de maior prestígio.
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Na verdade, foi há apenas 10 anos primeiros estudos apontaram na direção oposta. As árvores eram emissoras líquidas de metano. No entanto, como explica Josep Barba a naçãohavia dois elementos que já estavam “rangendo”. Especificamente, uma pequena mas significativa percentagem das árvores analisadas capturou metano (apesar de a grande maioria o ter emitido). Por outro lado, segundo o biólogo do CREAF, “assumir que toda a árvore se comportava da mesma forma era muito presumido”.
Precisamente esta foi a chave da questão que permitiu esta revolução científica. Até agora, por razões práticas, o as medições foram feitas a uma altura de 1-1,5 metros. A nova pesquisa, liderada pelo Universidade de Birmingham com a participação de centros de pesquisa de sete países, mudou a metodologia e optou por faça-os a 4-5 metros. “Mas não é fácil logisticamente os resultados surpreenderam a todos nós“, aponta Josep Barba.
Especificamente, as medidas levadas a cabo em florestas de brasilo Panamáo Reino Unido eu Suécia mostrar que eles são sumidouros líquidos de metano. As magnitudes são muito diferentes – mais altas que as tropicais e muito mais baixas que as boreais – mas o padrão se repete em todos os lugares. As árvores emitem metano até 1,5-2 metros de altura enquanto passam acima para capturá-lo. “Há muito mais superfície crustal no topo e isso permite que o equilíbrio seja sempre positivo”, explica em declarações ao nação.
Essa diferença se deve ao papel microorganismos -chamados metanotróficos- que vivem na casca e que eles usam metano como fonte de energia. “As árvores funcionam como chaminés que canalizam o metano das camadas profundas do solo através do tronco e o liberam pela casca. Assim, quanto maior a altura, menos metano permanece dentro do tronco”, explica Barba.
Novos estudos na Catalunha e em todo o mundo
Agora, essa capacidade de absorver metano é pouco ou muito? Josep Barba prescreve prudência: “O estudo ainda é um primeiro modelo e serão necessárias muitas mais aprofundadas, com mais latitudes e, sobretudo, a partir da análise das diversas espécies”, salienta. No entanto, fizeram uma primeira estimativa que situa entre 24,6 e 49,9 Tg em todo o planeta. Além da necessidade de especificar, os pesquisadores enfatizam que se trata de um magnitude semelhante à dos solos, até agora o único sumidouro de metano.
Josep Barba, que fez precisamente o seu último pós-doutoramento na Universidade de Birmingham, já começou a estudar o fenómeno nas florestas catalãs. Especificamente, ele faz oárvoreo Gavarreso Montseny e o Berguedà. Não só isso: o CREAF está coordenando um estudo global de 50 regiões do mundo para avançar na análise da resposta de várias espécies ao metano.
Que impacto pode ter nas políticas climáticas?
Uma descoberta deste calibre levanta rapidamente expectativas sobre o impacto que poderá ter na política climática. O pesquisador Josep Barba prudência de receitapois lembra que a relação entre o metano e as árvores só é analisada há uma década. “É preciso ir passo a passo”, ressalta.
Claro, ele aponta duas ideias. A primeira é que deveria ser mais um argumento para parar o desmatamentoespecialmente nos trópicos. Por outro lado, pode mudar a ideia sobre o papel das florestas jovens na mitigação das alterações climáticas. “Não são bons sumidouros de carbono, pois possuem pouca biomassa, mas o fato de possuírem uma superfície de casca elevada aumenta seu potencial para fazê-lo com o metano”, ressalta.
Mais forte é mostrado Vicente Gaucipesquisador da Universidade de Birmingham e principal autor do estudo. “O Compromisso Global do Metano COP26 inclui a redução das emissões em 30% até o final da década. Nossos resultados indicam que plantar mais árvores e reduzir o desmatamento eles devem ser uma parte importante para alcançá-lo”, conclui.
“Esta é uma descoberta científica potencialmente significativa”, admite Victor Resco de Diosprofessor de Engenharia Florestal e Mudanças Globais na Universidade de Lleida. Claro que, em declarações ao Sciencia Media Center, ele baixa as expectativas: “Isso não significa que as árvores nos salvarão das alterações climáticas. Ao contrário do CO2, o metano é muito volátil e se degrada naturalmente em poucos anos”, ressalta. “Espero que ninguém sugira que isso possa ser resolvido inoculando micróbios metanotróficos nas crostas porque seria um novo ecocomitê sem sentido”, conclui.
Metano, um poderoso gás de efeito estufa que continua crescendo
O metano é um gás de efeito estufa muito poderoso. Na verdade, multiplica a capacidade por 80 em relação ao CO2 durante os primeiros anos. Claro, o as concentrações na atmosfera são muito mais baixas. Se as 427 partes por milhão de dióxido de carbono forem actualmente eliminadas, o metano está em pouco mais de 1.930 partes por bilião. Tendo em conta os dois elementos, o Global Carbon Project – a instituição de referência em ciclos de carbono dirigida pelo catalão Pep Canadell -, estimou em 26% a sua contribuição para o aumento da temperatura global.