As últimas semanas de alta tensão política que culminaram com a investidura do socialista Salvador Illa significaram uma trégua no luta interna para liderar o ERCendurecido após o episódio dos cartazes contra o Alzheimer dos irmãos Maragall. O regresso do exílio do secretário-geral, Marta Rovirae a consulta com base no acordo com o CPS, monopolizaram a vida interna, mas os preparativos para o congresso são retomados nestes dias. Agora a direção do partido espera que o que resta de agosto sirva para a militância se assimilar e se afirmar, mas quem é próximo do ex-presidente Oriol Junqueras levanta uma questão: o data do congresso -final de novembro- está correto de acordo com o estatutos do partido?
Ressaltam que o regulamento é muito claro e afirma que o congresso deveria ser realizado no dia Setembroenquanto aqueles semelhantes a Rovira afirmam que a decisão da reunião executiva de Maio – com a subsequente aprovação do conselho nacional – fixou o 30 de novembro. A questão tem a ver com o grau de maturidade de cada opção. Oriol Junqueras Há semanas que faz campanha internamente para explicar a sua alternativa e que está a preparar uma equipa para liderar o partido enquanto o sector de Rovira e Aragonès procura e ainda não encontrou uma liderança alternativa à de Junqueras. Há semanas promoveram um manifesto de mil quadros reivindicando a linha do partido e pedindo a renovação da liderança, mas nada mais. Um avanço repentino da data os obrigaria a pisar no acelerador.
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Uma dissecação selvagem do poder
O que dizem os documentos? oartigo 72.º dos estatutosque regulamenta a figura da presidência, afirma que “em caso de renúncia, incapacidade ou morte” do titular do cargo, o secretário-geral “deverá ser responsável por promover a celebração de um congresso nacional extraordinário para eleger um novo executivo nacional no prazo de três meses a partir do momento em que ocorreu a vaga.” Junqueras renunciou em 10 de junho, um dia após as eleições europeias e, portanto, de acordo com este artigo, Rovira deveria marcar uma celebração no Congresso o mais tardar 10 de setembro
Contudo, outro artigo dos mesmos estatutos, o 54refere que a convocatória “pode ser adiada mediante acordo do executivo nacional, até um período máximo de seis meses quando tem que coincidir com um processo eleitoral”. Desde o início, após as eleições, a ERC explicou fora das câmeras que a data do congresso levou em consideração um eventual repetição eleitoral – marcada para 13 de outubro caso não se chegue a acordo com o PSC ou com os Junts – para que não influencie o debate interno. O fato de Illa ter sido investida já elimina esse adiamento, desde que não há processo eleitoral no horizonte.
Esta questão foi brevemente discutida na última reunião executiva do partido, tanto quanto sabemos nação. Um dos líderes ligados ao ex-presidente propôs que o congresso avançasse de acordo com os estatutos. Mas ficou descartada a abertura deste debate e, de qualquer forma, considerou-se que seria necessário ter um executivo específico sobre o assunto. Finalmente isso não aconteceu. Informalmente, setores próximos a Junqueras têm divulgado esta possível violação dos estatutos. O que diz a gestão nacional, comandada por Rovira? “As datas foram fixadas no executivo nacional e no conselho nacional de acordo com os estatutos e para ter um acalmar o debate e repensar o ERC“, apontam fontes da cúpula do partido à Nação quando questionadas sobre esta questão.
Eles acrescentam outro argumento. Lembram que a data do congresso de novembro foi decidida em sessão executiva realizada em 15 de maio, três dias após o golpe eleitoral do 12-M. Nessa mesma reunião, Junqueras indicou que renunciaria ao cargo de presidente após as eleições europeias. Portanto, a data do congresso foi marcada antes da renúncia formal de Junqueras, pois era apenas uma declaração de intenções do que ele faria no futuro. Agora, desde a renúncia do presidente, em 10 de junho, a situação mudou. “Depende da interpretação dos estatutos”, insistem fontes na cúpula.
Quem ganha e quem perde?
Quem ganharia e quem perderia com um avanço do Congresso? Junqueras está imerso, há quase um ano, em visitas ao território ouvir as pessoas e tentar tecer seu projeto para reconquistar o cadeira presidencial e “reconstruir” o partido. O setor que se apresenta como renovadorpor outro lado, neste momento apenas promoveu um manifesto que acumulou mais de 1.000 assinaturas, com personalidades de renome como a própria Rovira ou o ex-presidente da Generalitat, Pedro Aragonés. Mas, além do texto, ele não propôs um nome alternativo claro ao de Junqueras. Este mesmo setor colocou em circulação há algumas semanas o nome de Carmem Forcadell como possível candidato a uma “presidência simbólica”, embora a proposta não tenha sido oficialmente finalizada ou trabalhada internamente.
Então, agora Junqueras tem vantagem no que diz respeito à campanha interna e os seus aliados afirmam que o sector de Rovira e Aragonès está cada vez mais dividido pelo para revalidar o cadeira presidencial. A sua comitiva, aliás, pediu depois das eleições autónomas a promoção de um congresso expresso que acabou por ser descartado, conforme avançou nação. Resta agora ver se a interpretação dos estatutos abre novo fogo entre sectores no próximo executivo da ERC, marcado para 2 de Setembro, ou numa Ad hoc ou se as férias de verão continuarem a prolongar o calma tensa que prevalece no partido.
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