O Banco Central Europeu (BCE) reduziu novamente as taxas de juros pela segunda vez desde junho -e ao mesmo tempo desde 2016- e deixou definitivamente para trás a estratégia de política monetária restritiva que tinha adoptado nos últimos dois anos devido ao aumento da inflação.
Na reunião do conselho governamental realizada esta quinta-feira, a entidade optou por baixar em 0,25 pontos taxas de juro, travando assim o congelamento momentâneo das taxas que realizou em Julho e aliviando a pressão sobre os credores hipotecários. Ao mesmo tempo, o banco central reviu em baixa as previsões económicas para a zona europrevendo um Crescimento do PIB de 0,8% até 2024. Nas estimativas anteriores, a entidade esperava que a economia crescesse 0,9%.
A nova taxa de referência escolhida pelo BCE é agora de 3,5%, que corresponde aos juros aplicados às entidades que depositam dinheiro no banco central. Essa alíquota – antes de 3,75% – não era a que a instituição utilizou como referência até agora, mas por questões metodológicas é a que a instituição adotará a partir de agora como indicador.
Também pela mudança na metodologia de cálculo das taxas, a taxa básica de juros passou a ser de 3,65% (antes da nova forma de cálculo era de 4,25%) e a taxa de juros do crédito imediato para 3,9% (antes do cálculo era de 4,5%). ). Os novos tiposconforme relatado pelo BCE num comunicado, eles entrarão em vigor a partir de 18 de setembro.
Conforme indicado pela entidade, a decisão de reduzir as taxas responde às perspectivas de inflação, à dinâmica da inflação subjacente e à intensidade da transmissão da política monetária. “É agora apropriado dar mais um passo na moderação do grau de restrição da política monetária”ele enfatizou.
A decisão do BCE vai ao encontro das expectativas geradas nas últimas semanas, em que alguns dos mesmos dirigentes da instituição já tinham dado a entender que a redução das taxas era altamente provável. “Manter as taxas de juros muito altas por muito tempo poderá resultar numa situação de inflação crónica abaixo do objetivo mínimo”, destacou no mês passado o economista-chefe da entidade, Filipe Lane.
A redução das tarifas é ainda mais compreensível se levarmos em conta os últimos dados macroeconômicos publicado por Eurostatque situou o crescimento da economia da zona euro durante o segundo trimestre em 0,2%. O valor representou uma redução de um décimo em relação às estimativas preliminares, marcada em grande parte pela contração da Alemanha (-0,1%) e devido ao fraco crescimento em grandes economias como França ou Itália (+0,2%). Com a redução das taxas, o BCE confiança para incentivar o investimento e assim evitar comprometer a melhoria do PIB.
Paralelamente, a inflação correspondente ao mês de Agosto foi de 2,2%, muito próxima do objectivo de 2% prosseguido pela instituição monetária. Embora alguns componentes do índice ainda permaneçam elevados, como os serviços (4,2%), a aproximação do valor desejado representa mais um argumento a favor da redução das taxas.