Como cresce o aluguel sazonal na Catalunha, um tema quente na Generalitat e no Estado?

O contratos sazonais há muito tempo foram identificados como “a rachadura” da regulamentação do aluguel. Isto foi inicialmente alertado pelos movimentos pelo direito à habitação e acabou por ser assumido pelo grosso das formações políticas e pelo setor imobiliário. Esse sistema de aluguel, que pode fazer contratos de menos de um ano e sem qualquer tipo de teto de preço, tornou-se uma deliciosa forma de engordar a renda dos condôminos que, no momento, não recebem nenhuma consequência por essa prática. Tanto a Generalitat como o Estado estão a debater como regulá-lo e as negociações estão no auge. Mas qual é o real peso desse tipo de aluguel? Os dados oficiais são ilusórios, mas um relatório recente do Observatório Metropolitano de Habitação de Barcelona – uma organização que reúne as principais administrações do país – tenta responder. Os dados são baseados em uma análise minuciosa dos anúncios nos principais portais imobiliários.

De acordo com este relatório, apresentado recentemente, os contratos sazonais atingiram representam quase 40% do total de ofertas que estava lá para acessar um imóvel alugado na cidade de Barcelona durante o primeiro trimestre de 2024. Cinco anos antes, esse número era de apenas 13,1% na mesma comparação. Antes, os aluguéis residenciais eram a norma. Agora, isso foi diluído. E um processo semelhante também ocorreu na Catalunha: já existem 25% dos anúncios de aluguer sazonais, quando o número em 2019 era de apenas 8%.

Embora grande parte destas ofertas se concentre na capital catalã e se diluam no resto do território, a mancha de petróleo é cada vez maior quantitativamente. É também precisamente em Barcelona que há mais pressão para aceder a um apartamento e onde os preços médios são mais elevados. Além disso, o estudo do Observatório Metropolitano de Habitação de Barcelona aponta que os aumentos mais pronunciados nos anúncios com contratos de menos de um ano ocorrem em dois momentos-chave: entre o final de 2020 e o início de 2021, e entre o primeiro e o segundo trimestre de 2023. “Em ambos os casos coincidindo com o anúncio ou implementação de legislação de controlo de rendimentos.”

Ou seja, impor um limite ao preço da renda residencial teria uma correlação com o desvio de apartamentos para o mercado de arrendamento sazonal, segmento de habitação que só deveria ser dedicado a estudantes ou trabalhadores temporários. Na prática, porém, muitos casos acabam se transformando em residências permanentes, nas quais os inquilinos têm menos direitos do que se fosse um contrato de cinco ou sete anos, conforme estipulado por lei.

Neste momento, as negociações para a possível investidura de Salvador Illa colocaram – com base na pressão do ERC e dos comuns – a questão como central. Desconfia do caminho que está em curso no Estado espanhol, uma vez que o governo liderado pelo PSOE inicialmente relutou em limitar os arrendamentos sazonais – quando aprovou a lei da habitação – e agora a proposta que colocou sobre a mesa não satisfaz a parte social. Diante de tudo isso, as formações mais à esquerda do Parlamento e do Congresso dos Deputados lembram que os contratos sazonais alimentam violações de direitos e disparam o preço do mercado imobiliário. Do setor de agentes e proprietários afirmam que isto é consequência do excesso de regulamentação restritiva do mercado de arrendamento residencial, com medidas como a regulação e as novas barreiras estabelecidas na Catalunha.

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