A agricultura sofre com um desperdício “colossal” de azoto com forte impacto ambiental

Um dos grandes desafios do século XXI é como avançar para uma agricultura sustentável. Um modelo que concilie a alimentação e o bem-estar humano com a preservação do biodiversidadea restauração dos ecossistemas e a redução das emissões de gases de efeito estufa. Neste sentido, um dos elementos críticos é o desperdício “colossal” de azoto com o correspondente forte impacto ambiental. Ele avisa Estela Romeropesquisador de CRIARem edição especial da revista Ciência do Meio Ambiente Total coincidindo com o Dia Mundial da Agricultura.

Os impactos para o desperdício de nitrogênio

A utilização massiva de azoto em fertilizantes agrícolas levou a um aumento dos rendimentos agrícolas, mas também a um sistema ineficiente que vamos perder quase 80% dessas entradas de nitrogênio. Segundo a pesquisadora do CREAF Estela Romero, no editorial da Ciência do Meio Ambiente Total, é um “desperdício colossal de recursos com muitos impactos negativos.

Neste sentido, os mais críticos são osexcesso de nutrientes na água -com a correspondente eutrofização e perda de oxigênio-, o mesmo excesso de nutrientes no soloque provoca acidificação dos solos e poluição atmosférica, com emissão de gases de efeito estufa e agravamento do aquecimento global.

Romero e os demais autores – pesquisadores da França, Suécia e Holanda – recomendam acompanhar os produtores para mudar seu ponto de vista negativo sobre o assunto e fazer uma coleta para orientar possíveis soluções.

Soluções eficazes para reduzir a perda de nitrogênio

A editora apresenta um acervo de trabalhos científicos que buscam soluções para viabilizar o desafio de reduzir pela metade as perdas de N até 2030. Destaque a transição para práticas agroecológicas: “Estudos mostram que uma mudança para rotações de culturas orgânicas, a reconexão entre agricultura e pecuária, e menos produtos de origem animal, conseguem reduzir para metade as atuais emissões reativas de azoto para o ambiente, ao mesmo tempo que aumentam a “autossuficiência alimentar na Europa”, explica Estela Romero , pesquisador do CREAF e primeiro autor do estudo.

Apoiam também a implementação das medidas “do prado ao prato” propostas pela União Europeia. Estas medidas podem levar a uma redução de 40% na utilização de fertilizantes sintéticos e rações importadas na Europa, e a 30% menos perdas ambientais de azoto, “embora sejam menos eficazes do que a transição agroecológica em termos de emissões de gases com efeito de estufa e não atingir a meta de reduzir pela metade as perdas de N”, explica Romero.

Os artigos analisam as medidas necessárias para atingir esse marco e os resultados sugerem que é necessário incentivar o sistemas circularesaproveitando, por exemplo, o azoto contido nas águas residuais urbanas para irrigar campos e áreas verdes em zonas periurbanas, ou reconectar a agricultura e a pecuária. Alguns analisam também a eficácia de soluções baseadas na natureza – neste caso, a revegetação de canais de irrigação – para reter nitrogénio e evitar a poluição de rios e aquíferos.

Do ponto de vista de consumidoroptar por uma alimentação com menor ingestão de proteínas animais, dar prioridade aos alimentos biológicos e reduzir o desperdício alimentar.

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